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Instituto Estadual de Florestas - IEF

Parque Estadual do Biribiri executa Plano de Queimas Prescritas para evitar incêndios florestais

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Foto: IEF/Divulgação 

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As queimas prescritas no Biribiri envolveram várias trocas de experiências que permitirão aprimorar cada vez mais os procedimentos e benefícios esperados

 

A equipe do Parque Estadual do Biribiri, em Diamantina, vem realizando queimas prescritas na unidade de conservação como forma de manter os mosaicos de paisagens e para evitar os incêndios florestais. Desde 3 de abril de 2023, foi priorizada a agenda de queimas prescritas no parque. O auge foi de 22 a 26 de maio, quando foi organizada uma missão com o apoio de diversas organizações como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama/Prevfogo), Brigada 1, Previncêndio e brigadistas de outras unidades de conservação do Mosaico de Áreas Protegidas do Espinhaço.

 

A queima prescrita é uma das técnicas previstas no Manejo Integrado do Fogo (MIF), que também envolve práticas de planejamento, monitoramento, conscientização ambiental, pesquisas, e inclusive a recuperação de áreas atingidas por incêndios. O MIF é uma prática que envolve o uso intencional de fogo para manejo de vegetação, nativa ou exótica, abrangendo técnicas de aceiro negro, fogo de supressão ou equivalentes, visando reduzir a ocorrência ou a severidade dos incêndios florestais, bem como combater as chamas, quando em propagação.


Em Minas Gerais, a prática é regulamentada no interior e no entorno das áreas de preservação estaduais desde 2020, com a publicação do Decreto Estadual 47.919/2020.

 

O gerente do Parque, Rodrigo Zeller, observa que outras unidades da região da Serra do Espinhaço já realizam queimas prescritas há vários anos, como é o caso dos parques estaduais do Rio Preto, da Serra Intendente, do Pico do Itambé, o Parque Natural do Tabuleiro e o Parque Nacional das Sempre Vivas. “Essa experiência regional foi fundamental para o início das atividades de MIF no Parque Estadual do Biribiri”, disse Rodrigo.

 

Zeller observa que havia uma vedação no Plano de Manejo que impedia a realização de queimas prescritas. “Após muito diálogo, optou-se por retirar a proibição do Plano e, desde 2022, estamos realizando ampla divulgação sobre o tema. Toda semana a gente comunicava a comunidade diamantinense que estaríamos realizando queimas prescritas no parque”, destaca Zeller.

 

A primeira queima prescrita no parque foi realizada no dia 3 de abril. “Nossos funcionários têm muita experiência no combate ao fogo, mas não na atividade de queima prescrita, então, nós fomos avançando juntos dentro de uma escala pedagógica”, explica Zeller. Depois do período inicial de aquisição básica de experiência, a equipe do parque passou a trabalhar nas áreas mais problemáticas. Ao final, foram realizadas queimas prescritas em cerca de 20 blocos com tamanhos entre 400m² até 100 hectares. “As queimas foram feitas em abril e maio que são meses ainda propícios para um fogo de baixa intensidade e que favorece a biodiversidade, o que é justamente a nossa proposta de manejo”, completa Rodrigo Zeller.

 

“Conseguimos vários benefícios, como proteger matas, nascentes, manter áreas de cerrado arbóreo. Em muitos locais os ambientes estavam floridos cerca de uma semana depois da queima”, destaca. “Além dos benefícios ecológicos, temos outros objetivos, como resgatar a cultura do fogo amigo da natureza, ampliando a visão sobre o fogo e fortalecendo laços com as comunidades do entorno nessa questão”, afirma Rodrigo Zeller.

 

Parcerias

 

A equipe do Parque Estadual do Biribiri contou com o apoio de funcionários de outras unidades de conservação, além de instituições como o ICMBio, bem como indígenas e quilombolas que vieram com o Prevfogo do Ibama. Além deles o Parque também contou com o apoio de profissionais de outras unidades de conservação como dos Parques Estaduais do Rio Preto, Serra Intendente, Pico do Itambé e do Parque Natural Municipal do Tabuleiro.

 

“Os brigadistas voluntários da região deram um apoio importante e também contamos com o auxílio do Projeto Copaíbas e do Funbio, essencial para o sucesso do trabalho”, afirma Rodrigo Zeller. Além de comprar equipamentos, o Copaíbas apoiou também com o fornecimento de alimentação para os combatentes.

 

Agora, a equipe realizada o monitoramento das áreas, acompanhando a regeneração da flora. “O incêndio não vai progredir se acontecer nas áreas onde foi feita a queima prescrita”, afirma.

 

Integração com comunidades tradicionais

 

O brigadista do Prevfogo do Ibama de Goiás, Charles Pereira Pinto, explicou que sempre são feitas visitas às comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas para buscar o conhecimento desses povos. Ele, que faz parte do Território Quilombola Kalunga, deu apoio à queima prescrita realizada no Parque do Biribiri, inclusive com o auxílio da Brigada Indígena Xacriabá.

 

De 5 a 9 de junho, um grupo de brigadistas do Parque Estadual do Biribiri se deslocou para o Estado de Tocantins para aprender mais sobre as queimas prescritas e o Manejo Integrado do Fogo com os indígenas da etnia Xerente, em uma parceria com o Ibama, por meio do Prevfogo.


Noeli Ribeiro da Silva, que atuou várias vezes como brigadista voluntária no Biribiri, é uma das pessoas que foi até o Tocantins. “Quero aprender com as pessoas que estão no local e levar o que eu sei, trocando experiências. O mundo precisa desse intercâmbio. Mas o trabalho tem que ser feito com amor porque o planeta e o ser humano precisam desse cuidado”, observa.

 

Fernando Henrique Batista, funcionário do Biribiri, é um dos que trabalhou com muito entusiasmo desde a primeira queima prescrita no parque. “É uma forma de controlar os incêndios. Aproveitamos as queimas prescritas para circular nos locais que são mais sensíveis ao fogo”, afirma.

 

Benefícios

 

As queimas prescritas são importantes para reduzir a biomassa acumulada, protegendo as áreas dos incêndios futuros, especialmente daqueles mais severos, principalmente em épocas mais secas, compreendidas entre agosto e outubro, quando há registros de umidade relativa do ar e muito baixa, associada ao elevado ressecamento da vegetação. As características citadas fazem com que o fogo atinja maior intensidade, causando danos graves à flora e à fauna.

 

Panorama diferente da queima prescrita, que em nada se assemelha aos graves incêndios. É o que afirma o gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio) do IEF, Rodrigo Belo. “As queimas prescritas são normalmente muito brandas, não atingindo sequer a copa de pequenos arbustos, deixando muitas áreas não queimadas dentro do perímetro manejado”, afirmou. Nelas, são manejados principalmente as gramíneas, que são vegetações muito bem adaptadas ao fogo, ressurgindo com vitalidade aos primeiros sinais de chuva.

 

O Parque

 

O Parque Estadual do Biribiri (PEBI) está localizado na porção central da Serra do Espinhaço, na cidade de Diamantina, região que foi reconhecida como Reserva da Biosfera pela Unesco em 2005. É administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e está inserido no bioma do Cerrado. Possui fauna e flora bastante diversificada, sendo que muitas de suas espécies estão entre aquelas consideradas ameaçadas de extinção, tais como: lobo-guará, sussuarana, veado, sempre-vivas, orquídeas, bromélias, canelas-de-ema, dentre outras. Nos locais de afloramento rochoso, com altitude acima dos 900 metros em relação ao nível do mar, há ocorrência da fitofisionomia de campos rupestres que se destacam, por exemplo, pela ocorrência marcante de sempre-vivas e canelas-de-ema.

 

Emerson Gomes
Ascom/Sisema

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