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Instituto Estadual de Florestas - IEF

IEF e Ibama esperam triplicar áreas de soltura de animais silvestres até 2024, em Minas

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ASAS Dentro

Em 18 anos as áreas de soltura permitiram que mais de 100 mil animais voltassem para a natureza

 

O Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pretendem, até 2024, cadastrar mais 100 propriedades rurais como Áreas de Soltura de Animais Silvestres (Asas), cuja gestão será compartilhada entre os dois órgãos ambientais. Atualmente estão aptas para uso um total de 52. As Asas propiciam o retorno de animais silvestres reabilitados nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) para seus ambientes naturais.

 

Esses animais chegam aos Centros de Triagem, majoritariamente, apreendidos, sendo a maioria vítimas de tráfico ou de posse em cativeiro irregular. O restante dos animais é entregue voluntariamente por particulares ou são recolhidos por se encontrarem em situação de risco ou feridos. Nessas estruturas, eles são identificados e passam pela triagem, marcação, manejos alimentares e sanitários, avaliação clínica, física e comportamental, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Grande parte desses animais chega ferida e em condições físicas muito ruins, demandando atendimento médico veterinário imediato e um longo período de recuperação e reabilitação.

 

Nas áreas de soltura, os animais passam por uma etapa de aclimatação até serem finalmente soltos em seu ambiente natural. Segundo o superintendente do Ibama em Minas, Ênio Fonseca, esse processo é conduzido de forma a gerar o menor nível de transtorno possível nos bichos. “Eles são libertados sempre priorizando o seu bem-estar e a chance de cumprirem o seu importante papel na manutenção do equilíbrio ecológico”, pontua Fonseca.

 

Após a triagem e reabilitação, aqueles aptos à soltura são encaminhados às áreas previamente cadastradas, que hoje somam 52 em Minas Gerais. De acordo com o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, apesar do número expressivo de Asas existente atualmente, estabeleceu-se uma meta visando uma maior oferta para as solturas em todo território mineiro. “O cadastramento de novas áreas é importante para aumentar a oferta de possibilidades e garantir rotatividade nesses locais” afirma Malard.

 

COMO FUNCIONA O PROJETO

 

IEF e Ibama recebem o cadastro voluntário de proprietários rurais disponibilizando sua área para soltura de animais silvestres. O cadastro preliminar é realizado por meio dos sites dos dois institutos. As informações fornecidas são avaliadas e após análise de imagens de satélite é realizada uma vistoria técnica nas propriedades consideradas mais apropriadas, onde são verificadas as características ambientais locais e se a área é adequada à soltura das espécies. Durante esse trabalho, é realizado também o levantamento da fauna já existente no local, com destaque para a ornitofauna, já que a maioria dos animais soltos na natureza é composta por aves.

 

Esse levantamento é feito com o apoio de profissionais de instituições parceiras e é uma das etapas para a elaboração de uma lista de espécies adequadas à soltura em cada área. No levantamento é avaliada a composição da fauna do local, assim como a capacidade de suporte da área para cada espécie. Além disso, é feita análise de dados secundários de registros de ocorrência, habitat e distribuição natural das espécies. Uma lista final de espécies adequadas à soltura em cada uma das diferentes áreas é elaborada, o que orientará a seleção das espécies no momento da soltura.

 

Segundo a diretora de Fauna do IEF, Liliana Nappi, este levantamento é importante para evitar que uma espécie seja solta em um local onde, porventura, tenha sido indevidamente introduzida, o que impede um reforço populacional indesejado. “A lista final também é importante para aumentar as chances de sobrevivência dos animais a serem soltos nas diferentes áreas e reduzir os impactos da soltura desses animais sobre as populações nativas”, diz ela.

 

Em caso de aprovação do cadastro da área de soltura, cabe ao voluntário construir um viveiro de aclimatação conforme especificações técnicas do IEF e do Ibama. Além disso, ele tem que se responsabilizar pelo fornecimento de alimentação dos animais durante o período em que estiverem no viveiro.

 

Após a disponibilização do viveiro pelo voluntário, os dois institutos encaminham os animais para aclimatação e soltura, com intervalo mínimo de cerca de seis meses entre cada liberação, de forma a não sobrecarregar as áreas cadastradas. A seleção das espécies a serem soltas é feita com base nos critérios mencionados e as quantidades de indivíduos variam conforme as espécies. No caso das aves, essa quantidade varia de dezenas a mais de uma centena.

 

O viveiro é imprescindível no procedimento de devolução dos animais silvestres ao ambiente natural, pois o Ibama e o IEF adotam principalmente o método de soltura branda ou suave, segundo Daniel Vilela, que é coordenador do Cetas de Belo Horizonte. “Esse é um método que consiste na manutenção dos animais em recinto fechado na área de soltura até que se recuperem do estresse do manuseio e do transporte, e se familiarizem com o clima local, pontos de referência e alimentos naturais, permitindo os ajustes comportamentais necessários para a sua sobrevivência na natureza. Os recintos de aclimatação também são importantes por garantir abrigo, alimentação e água durante a fase de adaptação à área natural”, diz ele.

 

Após esta etapa, o viveiro é aberto e os animais saem à medida que se sentem seguros e confortáveis, tendo o recinto como um ponto de abrigo e suporte alimentar. Durante este período de adaptação à nova área, muitos retornam para o viveiro à procura de alimento e para pernoitar, enquanto ainda não estão seguros quanto aos pontos de referência e fontes de alimento naturais, permitindo os ajustes necessários e facilitando a sobrevivência em vida livre. Em poucas semanas após a abertura do viveiro os animais acabam por deixá-lo definitivamente.

 

Outra possibilidade de soltura é aquela em que os animais são levados pelos servidores do Ibama e do IEF a locais previamente selecionados de ocorrência natural da espécie, onde são reintegrados no ambiente natural sem a necessidade de aclimatação no viveiro. Normalmente esta soltura é realizada quando o bicho apresenta indícios de recém captura, apresentando comportamento típico de animais de vida livre.

 

MAIS DE 100 MIL ANIMAIS SOLTOS

 

As Asas começaram a ser utilizadas em Minas Gerais em 1992, sob a gestão do Ibama. Em 18 anos as áreas de soltura permitiram que mais de 100 mil animais voltassem para a natureza. Desse total, a partir de 2013 quando assumiu a gestão da fauna silvestre em Minas Gerais, o IEF foi responsável pela reintrodução de mais de 30 mil animais no seu ambiente natural.

 

Segundo o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, a retirada dos animais silvestres da natureza vem causando enormes danos ambientais que comprometem as funções ecológicas, complexidade, funcionamento e equilíbrio dinâmico dos ecossistemas. “Quando retirados ainda filhotes, o resultado é a diminuição populacional, podendo levar a extinção das espécies, quando a exploração excede a capacidade natural de reposição das populações”, diz Malard.

 

O superintendente do Ibama em Minas, Ênio Fonseca, acrescenta que o retorno desses animais à natureza se faz necessário para que esses indivíduos cumpram o seu papel ecológico, contribuindo, por exemplo, com a manutenção das espécies vegetais dos ecossistemas e seus fragmentos, uma vez que a fauna é responsável pela dispersão de cerca de 80% das espécies vegetais em florestas tropicais e 50% em florestas subtropicais. “A devolução dos indivíduos à natureza, em locais cuja população se encontra em declínio contribui para o reforço populacional e para a consequente conservação da espécie, diminuindo, assim, o risco de extinções”, completa.

 

Guilherme Paranaiba

Ascom/Sisema

 

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