Pesquisa identifica espécies de mamíferos no PE do Pau Furado

Qua, 12 de Fevereiro de 2020 11:39

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Fotos: Divulgação/UFU 

PAU FURADO ENTREVISTAS

Entrevistas informais também foram realizadas com moradores da região, a fim de complementar a lista de espécies registradas para a região

 

Pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Parque Estadual do Pau Furado (PEPF), no Triângulo Mineiro, verifica a ocorrência de espécies de mamíferos de médio e grande porte na reserva ambiental. O estudo, além de identificar a comunidade de mamíferos presentes na região, poderá servir de subsídio para ações de manejo e conservação das espécies, não apenas para o grupo estudado, mas também para a biodiversidade em geral.

 

Para a gerente do PEPF, Eliete Vilarinho, a pesquisa é muito importante, pois fornece indicadores para o manejo, uma referência de gestão estratégica para a unidade de conservação e da sua zona de amortecimento. “É importante a continuidade de projetos como esse, pois apontam ações efetivas de manejo e gestão de conflitos”, disse.

 

A coordenadora do Projeto, professora Natália Mundim Tôrres, reforça que o conhecimento das comunidades de mamíferos de médio e grande porte é muito importante. “Com o monitoramento a longo prazo poderemos concluir quais populações estão aumentando, diminuindo ou estão estabilizadas nessa região, e propor eventuais medidas de manejo’, disse.

 

Pau furado pesquisadora

Os pesquisadores trabalharam  124 dias com o método de amostragem, correspondendo a mais de 38 mil horas, cerca de 800 minutos de vídeo e utilizaram 13 armadilhas fotográficas
 

O levantamento preliminar, realizado de julho a novembro de 2019, registrou a presença de alguns mamíferos como a onça-parda, lobo-guará, tamanduá bandeira, tamanduá-mirím, jaguatirica, veado catingueiro, ouriço cacheiro, paca, entre outras. Os pesquisadores utilizam como metodologia a instalação de 13 armadilhas fotográficas, distribuídas pelo parque, a uma distância mínima de 1 km e em áreas de cerrado e cerradão. Foram gravados cerca de 800 minutos de vídeo e realizadas entrevistas com moradores da região. A conclusão da pesquisa está prevista para o final de 2020.

 

Parque.Estadual.Pau.Furado Tatu

O tatupeba é uma das espécies catalogadas que vivem no parque 

 

“Embora o estudo não tenha sido finalizado, já possibilitou detectar aspectos positivos com o registro de animais carnívoros como a onça-parda, incluindo filhotes, a jaguatirica, lobo-guará e a irara, espécies fundamentais na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas onde ocorrem. Esses animais controlam as espécies de presas das quais se alimentam”, frisou a coordenadora.

 

No entanto, houve o registro da presença do javali, uma espécie exótica e danosa aos ambientes, indicando a necessidade de monitoramento e de provável medida de manejo no futuro. “O javali impacta de forma negativa outras espécies com as quais ele compete por alimento. Um exemplo é o cateto, porco do mato nativo, bem como a comunidade de plantas, pois remexem o solo, impedem o crescimento de plântulas e danificam o banco de sementes”, explicou.

 

O projeto faz parte do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), intitulado "Padrões de biodiversidade e processos ecológicos em ecossistemas de Cerrado na região do Triângulo Mineiro e Sudeste de Goiás (sub-bacia do Rio Paranaíba) ” e é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

pau furado Jaguatirica

Entre as espécies que foram registradas pela pesquisa está a jaguatirica 

 

O parque

 

A origem do nome “Pau Furado” faz menção a uma grande gameleira localizada a margem do Rio Araguari, que era referência para travessia de tropeiros entre Minas Gerais e Goiás. Esta espécie era fonte de importante matéria prima para a época: A casca expele um látex que escurece logo após a extração e já foi muito usado em medicina caseira no combate à ancilostomose ou amarelão. A madeira é branca, leve e resistente, serve à confecção de canoas, gamelas e outros utensílios domésticos. Um grande furo na árvore utilizado para a coleta deste látex fez com que ela ganhasse o nome peculiar e se tornasse um ponto de referência para toda a região. Posteriormente, foi construída uma ponte ligando os dois municípios, que foi apelidada de mesmo nome.

 

Localizado entre os municípios de Uberlândia e Araguari, a reserva é de grande importância para a conservação da biodiversidade regional, uma vez que foram identificadas centenas de espécies da fauna e flora dentro de seus limites geográficos.

 

A vegetação original da área está representada pelo cerrado nas suas diferentes fitofisionomias como cerradão, cerrado sentido restrito, floresta ciliar, floresta de galeria, floresta estacional decidual e floresta estacional semidecidual. Com presença de árvores emergentes, que chegam a 30 metros de altura, é caracterizada pela alta diversidade de espécies arbóreas.

 

Na flora, destacam-se aroeira, angico, paineira, ipês e grande variedade de orquídeas. A fauna, por sua vez, apresenta, entre os mamíferos, a onça-parda, o lobo-guará, o tamanduá bandeira e o veado-campeiro, ameaçados de extinção. Belas aves como arara-canindé e águia-cinzenta, também ameaçadas, podem ser vistas no Parque. A herpetofauna, referente a répteis e anfíbios, é rica, com ocorrência de teiús e enorme variedade de serpentes.

 

Wilma Gomes
Ascom/Sisema